AMIEIRA MARINA ENTREVISTA ANA NUNES, A AUTORA DA NOSSA MAIS RECENTE EXPOSIÇÃO DE PINTURA Ana Nunes é uma uma artista plástica portuguesa
com um percurso pela Pintura com cerca de 10 anos, onde se destacam diversas
exposições a nível individual e colectivo. As suas obras estão nacional e
internacionalmente representadas.
Actualmente, a artista tem em exibição no
Restaurante Panorâmico da Amieira Marina, a exposição “Gente da minha terra ”,
a qual poderá ser visitada até ao final do mês de Junho.
Falámos com a Ana Nunes para descobrir o
que a move neste tumultuoso mundo que é o das artes, e gostámos do que ouvimos!
Em que é que consiste exactamente o seu
trabalho? Pode falar-nos um pouco sobre os temas que aborda?
Dedico-me à pintura a óleo sobre tela.
Comecei a pintar na condição de autodidacta e foi aos 24 anos que decidi
aperfeiçoar a técnica. Estudei pintura com o Mestre Camol´de Évora.
Iniciei por pintar portas e janelas. A minha
primeira tela foi uma porta que guardo religiosamente. Posteriormente ruas,
cantos, recantos, paisagens e agora com mais destaque a figura humana. Pinto
através de fotografia muitas das vezes por mim tiradas.
Como se descreveria enquanto
artista?
Tenho uma enorme dificuldade em me
definir enquanto artista, no meu entender o artista deixa-se transparecer pelos
seus trabalhos e a análise desses trabalhos não serei eu a fazê-la (risos). Uma
coisa que posso dizer com agrado é que quando vêem o meu trabalho o identificam
como meu. Isso é muito positivo para um artista.
O que tenta
transmitir com as suas obras?
Tento
captar a alma. Transmitir um efeito de realismo que quando olhamos para a obra
nos prenda e nos deixe levar pelo sentimento.
Pode descrever-nos um pouco o seu
processo criativo?
Infelizmente por um lado e felizmente
por outro, recebo algumas encomendas de telas especificas, com responsabilidade
ao original, como retratos, e isso deixa-me limitada no tempo de me dedicar a
um processo criativo. No entanto, quando me disponibilizam para a execução de
uma exposição, trabalho de corpo e alma para ela. Primeiramente o discorrer de
um tema e depois disso criar para ele. Gosto de intitular as exposições de
forma a terem algum impacto, que cative o visitante a inteirar-se da exposição.
O meu trabalho surge especialmente da minha maneira de ser e estar, dos meus
interesses e gostos, da minha sensibilidade para alguns temas que normalmente
não são expostos em tela.
Acha que para um artista plástico, é
essencial ter estudos na área das artes?
Penso que uma instituição de ensino
coloque à disposição as ferramentas e técnicas e providencie o gosto pela
criação artística. Contudo, não ensina paixão. Dá-se em alguns casos, a falta
de recursos materiais por parte dessa mesma instituição ou o valor exorbitante
de alguns materiais que pode relativizar o processo criativo do artista. A nossa
identidade enquanto artista passa pela forma como observamos as coisas, da
sensibilidade, na capacidade de comunicar sem palavras e este alcance vem com a
experiência e esta é independente da vida académica.
Já expôs, individual e colectivamente, em
diversos locais por todo o país. Lembra-se da sua primeira exposição? Como
surgiu a oportunidade? Tem sido fácil encontrar locais onde expor?
Lembro-me da minha primeira exposição
individual, foi na galeria do Palácio das Cinco Quinas, Palácio dos Duques de
Cadaval, em Évora. A oportunidade surgiu naturalmente, era um espaço de
exposições regulares, senti necessidade de expor o meu trabalho individualmente
e foi agendada a exposição.
Não tenho sentido qualquer dificuldade
em expor o meu trabalho, até porque normalmente é-me feito o convite.
Quais são os seus próximos trabalhos?
Sem querer aprofundar muito, tenho 7
retratos de ex-presidentes de uma prestigiada associação com sede em Lisboa.
Duas exposições agendadas sendo a mais próxima na Igreja de Santiago em Monsaraz
a decorrer durante o mês de Março e Abril.
Quais os eventos em
que até agora participou e destaca de maior relevância para a promoção e
divulgação do seu trabalho?
Não posso negar que expor
na Amieira Marina me deu uma certa notoriedade. Tem corrido muito bem a
exposição e divulgou um pouco mais o meu trabalho. Estou muito grata.
Tem encontrado algum
problema ou entrave no exercício da sua arte?
A pintura para mim é um
hobby que me completa como pessoa e financeiramente vai dando para o material utilizado
e algumas necessidades pessoais e familiares. Neste momento não é e não sei se
algum dia será possível viver da arte, mas não deixo de sonhar com isso. Não é
nada fácil enveredar unicamente numa vida artística quando se tem
responsabilidades no final de todos os meses.
Talvez o único entrave
que se coloque será a falta de tempo, daí fazer do carro atelier ou ter de me
deslocar da cidade e sempre com as tintas atrás. São muitos serões, fins de
semana de 16 horas e mais a pintar, dias de férias sem descanso, etc.
Tem uma obra ou
artista plástico que admire?
Admiro muito
a pintora e pintura de Paula Rego. Realço a figura humana por ela retratada,
principalmente como pinta a mulher transparecendo a sua robustez e força por
vezes escondida.
Quando não está a
trabalhar e a pintar, como gosta de passar o seu tempo?
Gosto de estar em
família, dedicar-me ao meu filho, cuidar da casa e do quintal, ir ao ginásio,
viajar, uma vida normal...
Muito Obrigada Ana, pela sua disponibilidade.
Vera Fernandes
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